Rede de fibra óptica submarina que liga o Brasil a Europa começa a operar em julho a obra custou R$ 1 bilhão, tem 6,2 mil quilômetros e permite reduzir em até 50% o tempo de resposta na transmissão de dados; tecnologia melhora a qualidade de streaming, dá suporte ao 5G e beneficia gamers.
Pouco mais de seis meses desde que começou a ser instalalado, um novo cabo submarino de fibra óptica de alta capacidade ligando o Brasil à Europa começará a operar até julho. A tecnologia permite reduzir em até 50% o tempo de resposta na transmissão de dados – conhecido como latência – e beneficiará milhões de jogadores de games e consumidores de streaming, além de impactar negócios digitais, serviços em nuvem, bancos eletrônicos e mídia de entretenimento.
Com investimento seja de cerca de R$ 1 bilhão, a rede EllaLink será a primeira a ligar diretamente o Brasil ao continente europeu, já que, até agora, a conexão de cabos de fibra óptica entre eles passava pelos Estados Unidos. Ao todo, serão 6,2 mil quilômetros de cabos que vão conectar a capital cearense Fortaleza à cidade de Sines, em Portugal.
A inovação terá equipamentos para estender a transmissão de dados no país até São Paulo e Rio de Janeiro e a Lisboa, Madri e Marselha, no outro lado do Atlântico. O cabo começou a ser instalado em Fortaleza em dezembro, ocasião em que foi ancorado na areia da Praia do Futuro e levado por um navio até um ponto de encontro no oceano onde se juntou a outro cabo transportado por uma embarcação que saiu de Sines.
![Ancoragem de cabos em Sines, Portugal Foto: Divulgação](https://ogimg.infoglobo.com.br/in/25033808-42f-485/FT450A/xAncoragem-em-Sines_cabos-chegam-a-praia.jpg.pagespeed.ic.wj90c8GVU1.jpg)
Mergulhadores auxiliaram a fixar os cabos no fundo do oceano, o que podia chegar a quase 5 mil metros de profundidade. A conexão foi concluída em março. Desde então, testes vêm sendo conduzidos para que a estrutura comece a funcionar ainda em junho.
GAMES
No caso de games, a melhora na transmissão de dados tende a ser decisiva em partidas online, nas quais milésimos de segundos podem determinar ganhadores e perdedores. Em jogos populares como Fortnite, League of Legends e Starcraft, a conexão dos cabos de fibra óptica poderá ser uma vantagem crucial em confrontos equilibrados, segundo Vicent Gatineau, diretor de marketing e de vendas da EllaLink, empresa cuja sede está localizada em Dublin, na Irlanda.
![Gamers serão beneficiados com a velocidade de transmissão de dados Foto: Kevork Djansezian / Getty Images](https://ogimg.infoglobo.com.br/in/25033819-bcc-ce0/FT1086A/xGettyImages-1202903824.jpg.pagespeed.ic.pevoZE2a34.jpg)
“Se imaginarmos dois jogadores, um brasileiro e um europeu, numa partida online mirando no mesmo alvo e ao mesmo tempo, o diferenciador entre ganhar e perder será quem o atinge primeiro, e isso é determinado pela latência”, explica o executivo.
Somente no Brasil estima-se que há mais de 67 milhões de praticantes de games, segundo pesquisa encomendada pela Brasil Game Show (BGS) ao Instituto Datafolha em agosto do ano passado. O segmento movimenta em torno de R$ 8 bilhões por ano.
![Ancoragem do cabo de fibra óptica na Praia do Futuro, em Fortaleza Foto: Divulgação](https://ogimg.infoglobo.com.br/in/25032910-64d-64c/FT1086A/xAncoragem-do-cabo_Praia-do-Futuro_Fortaleza_dez2020.JPG.pagespeed.ic.YFIQrZykax.jpg)
O novo cabo também vai atender a uma demanda recente de consumo por parte de clientes que antes eram limitados às telecomunicações e às OTTs, plataformas de distribuição de conteúdos pela internet, como empresas de streaming. A rede ainda almeja acabar com necessidades de interconectividade de longo prazo de comunidades de pesquisa e educação da Europa e da América Latina.
A Ellalink, cujo principal acionista é o fundo de ações europeu Marguerite, vem recebendo aportes para fornecer à comunidade científica dados precisos em tempo real sobre as condições do fundo do mar ao longo da rota do cabo.
![Mapa mostra conexão da rede de fibra óptica que liga o Brasil à Europa Foto: Divulgação](https://ogimg.infoglobo.com.br/in/25032912-2ee-128/FT1086A/xMapa_Brasil_Europa.jpg.pagespeed.ic.2ZW2ALgRQ9.jpg)
“Agora estão surgindo vários clientes pequenos, querendo acessar diretamente serviços que demandam alta capacidade, e isso gera um efeito em todo o ecossistema, com disseminação de grande quantidade de data centers, grandes e pequenos, fora dos EUA”, afirmou Gatineau.
Fonte: Época